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segunda-feira, 15 de setembro de 2014
Maior mamífero do Paleoceno é encontrado em Itaboraí
Pesquisadores encontraram, recentemente, no Parque Paleontológico de São José, em Itaboraí, o fóssil de um xenungulado (Carodnia Vieirai). O animal, com corpo e tamanho semelhantes ao de uma anta, viveu na época da formação da Bacia de Itaboraí há cerca de 55 milhões de anos, e é o maior mamífero do período Paleoceno já localizado na América do Sul.
Estiveram no local para resgate do fóssil a paleontóloga Lilian Bergqvist, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e sua equipe, além do subsecretário municipal de Meio Ambiente de Itaboraí, André Pereira, e o gerente do Parque, o biólogo Luís Otávio Castro, responsável pela descoberta.
Pelo fato de os ossos se encontrarem em um calcário muito duro, será preciso que sejam desmembrados da rocha apenas no Laboratório de Preparação de Macrofósseis, da UFRJ, para onde será levado o material. No local, que já conta com uma réplica do esqueleto montada por Bergqvist, eles serão tombados para, posteriormente, retornarem ao Parque de São José, onde permanecerão para observação pública.
"Percorrendo a Trilha do Pescador, em uma atividade de rotina, avistei uma rocha na qual notei algo diferente. Quando me aproximei, vi que se tratava de um fóssil, e logo entrei em contato com a Lilian Bergqvist, que é a profissional de referência que temos para fazer esse tipo de estudo por aqui", disse Luis Otávio, que no momento da descoberta estava acompanhado do professor Emiliano Oliveira, pesquisador da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
Apesar da similaridade morfológica com a anta atual, o Carodnia Vieirai não tem parentesco com o animal. Primo do argentino Carodnia Feruglioi, estima-se que o Vieirai habitava exclusivamente as redondezas da região de Itaboraí.
"Esse achado é de grande importância para a paleontologia, e também para o Parque Paleontológico de Itaboraí, mostrando que a Bacia deve ser valorizada pela população, como já é pelos estudiosos. Isso também nos estimula ainda mais a continuar abrindo trilhas e clareiras para seguir na busca por mais descobertas, sempre em equilíbrio com a preservação ambiental. Para isto, fazemos as escavações apenas em blocos rolados, não comprometendo a integridade dos afloramentos remanescentes", disse Lilian Bergqvist, que atua no local desde 1994.
O Parque Paleontológico de São José
O Parque Paleontológico de São José é gerido pela Prefeitura, e tem como diretora a arqueóloga Maria Beltrão, que estima existir no local um fóssil humano cujo possível achado mudaria a história da ocupação das Américas. No Parque já foram descobertos fósseis de diversos mamíferos, gastrópodes, répteis e anfíbios, se destacando o tatu mais antigo do mundo e o ancestral das emas, ambos do período Paleoceno. Foram achados, também, fósseis de preguiça gigante e mastodonte, da Idade Pleistocênica (aproximadamente 20 mil anos). Também foram encontrados restos arqueológicos, evidenciando a presença do homem pré-histórico no local.
A história
Em 1928, um fazendeiro achou pedaços de rocha que considerou interessantes. Levou para análise e descobriu que se tratava de calcário. Com isso, a área onde hoje é o Parque Paleontológico foi vendida para a Companhia Nacional de Cimento Mauá, que aproveitou o material na construção da Ponte Presidente Costa e Silva (Rio-Niterói) e do Estádio Mário Filho (Maracanã).
Com a exploração mineral, descobriram-se vestígios arqueológicos. E quando o calcário terminou, em 1984, restou uma depressão de 70 metros, que foi progressivamente coberta com água da chuva e de veios subterrâneos, erguendo um grande lago. Seis anos depois, em 1990, a Prefeitura Municipal de Itaboraí declarou a área de utilidade pública, através de um processo de desapropriação. Com isto, em 1995, nascia o Parque Paleontológico de São José, eleito pela Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos (Sigep), órgão ligado à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), um dos patrimônios da humanidade.
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