sexta-feira, 6 de julho de 2012

Prefeitura e 71ª DP (Itaboraí) se unem para combater violência contra mulher


As mulheres vítimas de violência doméstica de Itaboraí já podem contar com um setor especializado na 71ª Delegacia de Polícia para este tipo de ocorrência. Há dois meses entrou em funcionamento um núcleo de Atendimento Social implantado pela Prefeitura, por meio da secretaria municipal de Habitação e Políticas Sociais, em parceria com a instituição policial.

A meta é garantir a este público atendimento e apoio psicológico, social e de saúde, direcionando-as às redes de serviços e programas de referência no município. Até a segunda quinzena de junho já foram realizados mais de 200 atendimentos.

AGRESSÃO

O projeto surgiu diante da escalada da violência contra a mulher em Itaboraí, onde os números não param de crescer. De acordo com o delegado da 71ª DP, Wellington Vieira, por dia são registrados cinco boletins de ocorrência apenas em relação à violência doméstica no município. Os bairros mais violentos são: Reta Velha, Itambi e Apolo.

Alcoolismo e uso de drogas estão entre as principais causas da violência, além de desgaste do casamento. Os tipos mais comuns são: xingamentos (agressão verbal), seguido de ameaça, lesão corporal, violência sexual e patrimonial. Mulheres de 21 a 50 anos com ensino médio são as mais agredidas. Apesar de representativos, Vieira acredita que estes números podem ser ainda mais alarmantes.

“Antes de implantarmos o núcleo de atendimento social, a mulher agredida fazia a ocorrência e ia embora. Baseado no aumento desses registros, fiz a solicitação ao Prefeito Sérgio Soares, que deu total apoio, e oficializei o pedido à Chefe de Polícia Civil, delegada Marta Rocha, que ficou feliz com a iniciativa. Sabemos que estes casos não correspondem à realidade e que a violência com as mulheres é subnotificada na cidade. Isto acontece porque muitas mulheres ainda têm medo de denunciar o agressor, porque é ameaçada de morte se o fato chegar ao conhecimento de alguma autoridade. Esta parceria com a Prefeitura está trazendo para delegacia serviços de atendimento psicossocial, além de inclusão em programas e projetos sociais, quando necessário. Desta forma, as mulheres itaboraienses estarão mais próximas de viver dignamente as suas vidas, livres da violência”, explicou Vieira, ressaltando que o atendimento social pode contribuir também para elaboração de projetos e programas de combate à violência contra as mulheres no município.

Para a assistente social Ana Maria de Oliveira Santos, que realiza o atendimento na delegacia, a natureza da violência doméstica e os estigmas associados a ela muitas vezes impedem que mulheres procurem ajuda. “Mesmo sob proteção da Lei Maria da Penha, muitas mulheres ainda têm medo de denunciar seus agressores, de ir até a delegacia. Na maioria das vezes, o crime é praticado pelo próprio companheiro. Então há um receio da reação desse marido, sem contar outras questões como a dependência financeira e os filhos. Nosso trabalho é orientar e tentar combater a violência doméstica para que essas mulheres tenham uma vida melhor. O que precisamos é que elas não tenham medo de buscar ajuda”, garante a profissional que cadastra e acompanha todas as vítimas que registram ocorrência.

Casada há 13 anos, a dona de casa S.C.M., de 46 anos, moradora do Retiro procurou o atendimento social, após o registro da ocorrência policial, porque não suportava mais as agressões verbais e físicas que sofria do marido. “Quando a gente vai até a delegacia é porque a situação já está fora do controle dentro de casa. Não sabia como agir, para onde ir com meu filho, estava totalmente transtornada. O apoio que obtive aqui foi maravilhoso. Recebi toda orientação sobre como me proteger, fui encaminhada para fazer exames médicos e tive assistência psicológica que, para mim, foi a mais importante”, conta.

CRAM

Após o atendimento, as mulheres são encaminhadas para o Centro de Referência e Atendimento à Mulher (CRAM) de Itaboraí, que oferece apoio psicológico e orientação jurídica. Dependendo da gravidade do caso, a vítima é encaminhada a abrigos, para afastá-la do agressor. “O espaço visa fornecer orientações às mulheres em situação de violência doméstica e intrafamiliar. Temos tido uma boa média de atendimentos, mas sabemos que muitas têm medo de procurar ajuda”, ressalta o secretário de Habitação e Políticas Sociais, Felipe Monteiro, que planeja oferecer na instituição palestras e cursos de capacitação.

DEAM

Para o secretário de Segurança Pública e Defesa Civil, Cel. Alcides Menezes, este é mais um passo para a implantação da Delegacia Especializada no Atendimento às Mulheres (DEAM) em Itaboraí. “A população está aumentando e precisa urgentemente desta instituição no município. Já apresentamos projetos para o secretário estadual de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, e à Chefe da Polícia Civil, delegada Marta Rocha, que se mostraram interessados no assunto. Estamos lutando para a vinda da DEAM para Itaboraí. Desta forma as mulheres vítimas de violência terão mais liberdade para denunciar, pois será uma delegada orientando. Isso facilita o trabalho”, destacou o secretário.

O núcleo de Atendimento Social às mulheres vítimas de violência doméstica fica na 71ª Delegacia de Polícia (Avenida 22 de Maio, nº 5963, Centro Itaboraí). Funciona de segunda à sexta-feira, das 9h às 15h.

Já o CRAM está localizado na Avenida 22 de Maio, 7942, Venda das Pedras, Itaboraí. O funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. Mais informações no telefone 3639-1548.

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