quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Clube japonês faz intercâmbio no Alzirão


O Estádio Municipal Alziro de Almeida (Alzirão) recebeu, no sábado (02/08), o elenco sub-13 do Chiba Soccer, clube de futebol japonês que está no Brasil para fazer intercâmbio. Os garotos tiveram a oportunidade de atuar contra CEPPP e Joga Fácil, campeão e vice, respectivamente, da Copa de Seleções Paec, que é o Programa de Apoio às Escolinhas Comunitárias realizado pela Prefeitura de Itaboraí.

"Esse tipo de atividade é importantíssimo para dar oportunidade às crianças da sociedade de participarem de ações que engrandecem seu currículo não apenas esportivo, mas também cultural, além de trocar informações e observar outra escola de futebol" - disse Alexandre Arêas, subsecretário de Esporte, Lazer e Turismo.

Os jogos-treino foram disputados em quatro tempos de 20 minutos, com um rodízio entre os titulares e reservas do Chiba contra CEPPP e Joga Fácil. Após a atividade, ambos  participaram do treino da ADI, que se preparou no Alzirão para dar continuidade à disputa do Campeonato Carioca da Série C. Os japoneses receberam, ainda, um troféu de participação das mãos de Arêas.

"Conheço muitos pais de jogadores e também a diretoria do Joga Fácil. Nisso, achei bacana a proposta do evento de hoje e fiz questão de vir, até de registrar parte da atividade" - disse Nilson Dias, 52 anos, morador de Marambaia que atua no ramo de construção civil.

Chiba Soccer Club

O Chiba é sediado na cidade homônima que tem cerca de 1 milhão de habitantes. O clube não tem visão profissional, sendo seu foco dedicado à formação cidadã e o esporte como complemento educacional. Atualmente, cerca de 200 atletas fazem parte do programa, sendo divididos em três categorias de base e uma adulta amadora.

Desde 2002, os japoneses vêm ao Brasil durante o verão do hemisfério norte (inverno no Brasil), período no qual os jovens estão de férias escolares. O responsável por introduzir a cultura de viagem às terras tupiniquins é o brasileiro Pedro Carlos Ribeiro, coordenador de eventos do Chiba, residente há 18 anos na Terra do Sol Nascente.

"Dei três aulas de noções básicas de português para facilitar a ambientação dos jogadores. Nosso objetivo aqui vai além do esporte. Damos aos garotos a chance de conhecerem a rica cultura brasileira, estimulando-os a estudar para conhecer um novo idioma e ampliando suas visões do mundo. E hoje a atividade foi bem produtiva. O gramado estava muito bom e gostei muito de sentir a filosofia que a Prefeitura de Itaboraí implanta nas suas escolinhas" - disse Pedro.

O caminho até o Chiba

Pedro foi parar no Japão por acaso. Seu objetivo era se fixar na Inglaterra, país onde sua irmã foi morar após se casar com um cidadão local e abrir um negócio. O objetivo do brasileiro era estudar inglês para fazer a vida no continente europeu.

"Durante o curso, acabei conhecendo uma linda japonesa, que hoje virou minha esposa. Meu visto na Inglaterra venceu, não consegui ficar por lá e retornei ao Brasil. Mas fomos mantendo contato e, quando ela me avisou que viria aqui para conhecer o país, acabei indo junto com ela para o Japão" - falou ele.

Ao chegar à Ásia, Pedro teve um problema: os pais de sua, na época namorada, não o aceitavam. Nisso, sem muito dinheiro, foi morar em uma vila bem humilde, onde fez amizade com um peruano e um colombiano, conseguindo um emprego para se manter no país.

"A maioria das casas no Japão são de madeira. Nisso, muitas ficam danificadas após terremotos e precisam ser demolidas. E esse era o meu trabalho: atuar na demolição de residências. O problema é que, após o primeiro mês, o dono da empresa começou a atrasar demais o salário. Foi quando eu fui reclamar e o cara, simplesmente, durante um dia de atividade, furtou minha mochila" - disse o brasileiro, lembrando de seu desespero com o desemprego e a pouca quantidade de dinheiro.

A solução, com o prazo do visto chegando ao fim, foi antecipar o casamento. E, após o matrimônio e a estabilização no país passando por vários empregos temporários, Pedro veio ao Brasil em 1998, onde resolveu fazer o curso de treinador de futebol.

"Já habilitado, retornei ao Japão. Foi onde, novamente em um curso de idioma, agora de japonês, conheci outra pessoa importante. Desta vez, o Amaral, jogador que, na época, atuava profissionalmente pelo FC Tokyo. Foi ele quem me apresentou os primeiros contatos no futebol local, possibilitando que eu me iniciasse nas escolinhas e chegasse ao Chiba, onde hoje sou diretor de eventos, mas também já atuei como treinador" - falou Pedro.

J-League

A Série A do Campeonato Japonês é denominada "J-League". São 18 equipes se enfrentando em dois turnos sob sistema de pontos corridos, com as três primeiras se classificando para a Copa dos Campeões da Ásia e as três últimas sendo rebaixadas. Neste fim de semana, foi disputada a 18ª rodada (a 1ª do returno), terminando com o Tosu na liderança com 37 pontos.

O foco do Chiba não é ter seus garotos atuando um dia pela J-League. Mas não há como impedir este sonho de nascer na mente dos apaixonados pelo futebol, como o volante Shunya Ohara, de 13 anos: "meu sonho é ser profissional. Quero, um dia, defender com honra as cores do meu Yokohama Marinos, dando orgulho à toda a nossa torcida" - disse, completando sobre sua atuação na atividade de hoje, no Alzirão: "não fiquei satisfeito. Aliás, nunca estou. Sempre acho que posso me doar mais e melhorar. Mas foi um treino muito produtivo para me aperfeiçoar como jogador".

O Chiba fica no Rio de Janeiro até 06/08, de onde seguirá para São Paulo, realizando jogos-treino pelo estado até o dia 12, quando retornam para a Ásia.

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